Lesão no LCA

Ninguém está a salvo da ruptura de LCA, mas, naturalmente, as pessoas mais suscetíveis à lesão são os praticantes de esportes, sobretudo aqueles que exigem, com frequência, movimentos rotacionais do joelho. Assim, praticantes de artes marciais, principalmente modalidades de grappling (em que se agarra o oponente), como judô e jiu-jitsu brasileiro, e jogadores de futebol, os que atuam profissional ou recreacionalmente, são bons exemplos de público mais vulnerável à lesão no LCA.

Na maioria das vezes, como se pode depreender da resposta à questão anterior, a causa da lesão no LCA são as torções de joelho. Apenas em alguns poucos casos a ruptura ocorre por hiperextensão da articulação. Pela massa de praticantes, o futebol, com sobras, acaba sendo uma das atividades que mais contribuem para as lesões de LCA no Brasil, mas praticantes de artes marciais, jogadores de basquete, vôlei, handball e de outras modalidades também se lesionam. Aliás, acidentes de trânsito e domésticos são causas a serem consideradas também.

• No momento da lesão, normalmente, percebe-se um grande estalo no joelho.
• Logo em seguida, tem-se dor, verifica-se inchaço e derrame articular, ou seja, aumento da quantidade de líquido na articulação.
• Esses sintomas, em muitos casos, diminuem ou desaparecem depois de alguns dias. Há casos, porém, em que persistem.
• Até o item anterior, tem-se o que podemos classificar como fase aguda da lesão. Na fase seguinte, que podemos chamar de crônica, o principal sintoma é a instabilidade articular, caracterizada pela sensação de falseio e deslocamento do joelho.
• Nem todos os pacientes têm essa instabilidade, porém, quando ocorre, pode ser a causa de lesões em outras estruturas do joelho e até do desenvolvimento precoce de artrose.
• Vale citar, ainda, casos em que não há instabilidade propriamente dita, mas, ainda assim, o paciente apresenta muita insegurança no uso do joelho. Nesses casos, o médico deve redobrar suas atenções e investigar uma possível ruptura parcial do LCA.

O tratamento conservador da lesão no LCA é aquele que não envolve cirurgia. Consiste, em linhas gerais, no fortalecimento dos grupos musculares dos membros inferiores com a finalidade de, através dos músculos, manter, na medida do possível, o padrão de estabilidade da articulação. Como se vê, é preciso fazer o fortalecimento de forma permanente, do contrário, o joelho, provavelmente, ficará instável e a cirurgia se fará necessária.

Atualmente, usa-se para o procedimento, método minimamente invasivo, conhecido como artroscopia, em que são feitas pequenas incisões para a reconstrução do ligamento rompido. Geralmente, a reconstrução é feita com enxerto de tecido tendíneo do corpo do próprio paciente, que pode vir…

• dos músculos semitendinoso e gracilis, também conhecidos como tendões flexores, situados atrás da coxa, na faixa interna, perto do joelho;
• do tendão patelar, que se localiza na frente do joelho, logo abaixo da patela e
• do tendão quadriciptal, que se localiza na frente do joelho, logo acima da patela.

Não. Há duas técnicas usadas nos dias de hoje. São elas:

• Reconstrução anatômica: o novo ligamento é reconstruído na posição anatômica do ligamento original.
• Reconstrução transtibial isométrica: o novo ligamento é posicionado fora da posição original, mas de modo que não haja diferença de comprimento do enxerto em todo o arco de movimento da articulação.

A reconstrução anatômica é mais usada em razão das vantagens biomecânicas que oferece. Embora ainda não se tenha evidências científicas, acredita-se também que essa técnica, a longo prazo, proporcione maior proteção à articulação.

Em caso de cirurgia, o paciente deve ser informado de que será preciso passar por tratamento fisioterápico após o procedimento ao longo de alguns meses. Esse trabalho é fundamental para que seja possível retomar as atividades desejáveis — profissionais, recreativas etc. — e, nalguns casos, a depender do protocolo adotado, é preciso seguir com a fisioterapia mesmo depois de retomar essas atividades.

O retorno ao esporte dependerá de vários fatores, dos quais podemos destacar:

• Força, controle e equilíbrio muscular;
• Amplitude do movimento da articulação;
• Capacidade de reproduzir os gestos próprios da atividade que deseja praticar e
• Cicatrização do novo ligamento.

Dos itens elencados acima, o único que não pode ser mensurado de forma objetiva é a cicatrização do novo LCA. Em relação a todos demais parâmetros, desde que a recuperação seja feita corretamente, é possível atender a todos os requisitos em seis meses. Porém a cicatrização leva mais tempo e não se sabe ao certo quando ocorre efetivamente em cada indivíduo. Por isso, é preciso ter atenção ao risco de retomar as atividades antes da cicatrização, o que aumenta os riscos de reincidência da lesão.