Lesões de cartilagem

São dores associadas a lesões nas cartilagens hialina (da patela) e da tróclea femoral. Embora na prática clínica os termos costumem designar o mesmo problema, condropatia significa cartilagem doente e condromalácia, cartilagem mole. Ambos os casos são possíveis e costumam provocar o mesmo sintoma. Por isso, em termos genéricos, o mais apropriado, quando não se sabe se é condropatia ou condromalácia, seria denominar o problema de “síndrome da dor anterior no joelho”.

Vale destacar a “síndrome da dor anterior no joelho” porque ela é uma das mais frequentes e comuns entre as pessoas. Suas causas, normalmente, são bem similares a outras condropatias de joelho:

• Características anatômicas;
• Atrofia da musculatura do quadríceps;
• Pé plano ou em valgo;
• Injeções ou infiltrações com anestésicos e corticóides em altas doses;
• Traumas e alguns tipos de alinhamento do eixo do membro inferior.

Vale observar ainda que as mulheres são mais propensas a desenvolver o problema, porque o ângulo formado entre o quadril e o joelho é maior.

Jovens adultos que praticam esportes de impacto, como corrida, ou trabalhadores cujas atividades geram estresse na articulação, caso de profissionais que precisam subir escadas com frequência ou ficar de joelhos são o público mais suscetível a lesões de cartilagem. Contudo, pessoas de mais idade, a depender do desgaste da articulação ao longo da vida e por causa de outras comorbidades associadas, também podem ter problemas com lesões condrais. Nesses casos, muitas vezes, é importante o médico analisar a possibilidades de um quadro degenerativo, ou seja, de artrose. Contudo, lesões de cartilagem não podem ser, grosseiramente, confundidas com artrose.

A dor na articulação é o sintoma mais comum, mas também pode haver crepitação no joelho, derrame articular (inchaço), hipotrofia da coxa (perda de musculatura), diminuição da mobilidade articular, dificultando atividades como subir e descer escadas, agachar repetidas vezes, correr e ficar por muito tempo sentado.

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica bem feita, ou seja, com a realização de uma consistente anamnese e um exame clínico detalhado. Quando esse trabalho é bem feito, muitas vezes, já é possível fazer o diagnóstico. Porém, vale a pena se aprofundar. Com o recurso da ressonância magnética, é possível avaliar a profundidade da lesão condral e, a partir desses dados, fazer as classificações, que se dividem em quatro, baseadas na profundidade da lesão.

A viscossuplementação de joelho é um tratamento que consiste em injetar, na articulação, ácido hialurônico: uma substância gelatinosa que colabora imensamente para o trabalho das cartilagens de amortecer os impactos ósseos e lubrificar as articulações. O ácido hialurônico é naturalmente produzido pelas células das membranas das articulações do corpo humano.

Assim sendo, seu uso é um recurso auxiliar no tratamento e visa reduzir as dores e melhorar o funcionamento da articulação. Embora seja um recurso auxiliar, ou seja, os cuidados relacionados ao tratamento conservador são os mais importantes, joelhos com doenças cartilaginosas apresentam déficit de ácido hialurônico, o que colabora para acelerar a degradação da articulação, como se pode verificar, principalmente, em casos de artrose.

A viscossuplementação torna-se mais importante para pessoas que não podem usar anti-inflamatórios, em razão de gastrite, úlceras gástricas ou doenças renais. Recomenda-se, ainda, o tratamento a quem não pode ser submetido a cirurgia ou deseja adiar a sua realização. Por fim, a infiltração de joelho com ácido hialurônico tende a acelerar o tratamento, por exemplo, da condromalácia patelar.

A infiltração segue um procedimento relativamente simples, costuma ser realizada no próprio consultório médico, respeitando as devidas condições de assepsia e antissepsia, e dura alguns poucos minutos. Pode ser ministrada em aplicação única ou uma vez por semana ao longo de três a cinco semanas.

O modelo de aplicação passa pelo tipo de produto. É importante entender que há duas fontes de obtenção de ácido hialurônico: aviária e não aviária. No primeiro caso, o produto é obtido a partir, literalmente, da crista do galo. No segundo, obtém-se o ácido a partir de fermentação feita por um tipo específico de bactéria.

Na maioria dos casos, as melhorias a partir da infiltração são sentidas de forma gradual e costumam durar de seis meses a um ano. É possível repetir o tratamento a cada seis meses e pela quantidade de vezes que for preciso.

A cirurgia, em caso de lesão condral, só é recomendada excepcionalmente, quando, por alguma razão, o tratamento conservador falhou. Há estudos feitos por ortopedistas brasileiros sobre a mosaicoplastia, que consiste em retirar pequenos segmentos ósseos revestidos de cartilagem (retirados do próprio paciente ou de doador falecido) e implantar no local lesionado. Após algumas semanas, cria-se uma superfície composta por cartilagem e fibrocartilagem. A técnica tem apresentado excelentes resultados.