Além de me aprimorar em técnicas complexas, com professores fantásticos, alguns dos maiores cirurgiões de joelho do mundo, a viagem para Colônia, na Alemanha, para o curso da AO Foundation, deixou-me reflexões valiosas
Há cerca de um mês, meu mentor, o doutor e professor Maurício Kfuri, me convidou para participar do curso “Knee Injuries and Deformities”, organizado pela AO Sports Advanced Course, da AO Foundation, e coordenado por ele próprio. O evento aconteceria em Colônia, na Alemanha, de 13 a 15 de outubro. Sem dúvida, uma oportunidade e tanto para conhecer pessoas novas, profissionais incríveis e aprender ainda mais sobre cirurgia do joelho. Assim foi.
Além de Kfuri, eu e mais 17 cirurgiões ortopedistas de todo o mundo, pudemos ter aulas com o médico inglês Andy Williams, que vive em Londres e assiste grandes jogadores da Premier League; com Bruce Levy, médico da famosa Mayo Clinic, nos EUA; Steffen Schroter, médico alemão, profundo conhecedor de técnicas de osteotomia ao redor do joelho e que, ao lado de Kfuri, organizou o evento; o grande médico brasileiro Moisés Cohen, uma referência internacional em medicina esportiva e cirurgia do joelho; James Stannard, reitor da Universidade do Missouri (EUA), e o também alemão Dr. Christoph Kittl.
Entre os alunos, tive o prazer de reencontrar dois brasileiros que, assim como Kfuri e eu, formaram-se na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Estou falando do meu grande amigo e um dos responsáveis pela minha ida à Universidade de Pittsburgh (Pitt.) há alguns anos, Dr. Paulo Araujo, que hoje chefia o departamento de Ortopedia do Hospital Sírio-Libanês de Brasília; e Dr. Wilson Rejaili, que atua em Rio Preto (SP) e faz parte do departamento médico do Mirassol, time da primeira divisão do futebol paulista.
Do curso, posso dizer que, sem dúvida, foi um dos melhores que tive na vida. Foi bastante puxado, exaustivo e valeu a pena. Ele funcionou num modelo em que os casos eram apresentados aos alunos pelos professores. Discutíamos cada um deles e, depois, íamos para a prática, com ferramentas de ponta — por exemplo, tínhamos intensificador de imagem (raio-X) à disposição. O grupo de alunos era dividido em seis grupos menores de três e cada um desses grupos contavam com a assessoria de um dos professores. Assim, realizávamos, devidamente supervisionados, todas as técnicas de reconstruções ligamentares, reparos meniscais, reconstrução do canto posterolateral e osteotomia ao redor do joelho.
Para se ter idéia da intensidade com que encaramos a jornada, estendemos os estudos para além do período previamente definido para as aulas no último dia de curso. Eu e mais dois alunos latino-americanos pedimos, aos professores Kfuri e Bruce Levy, que nos explicassem melhor como fazer um retalho local no membro inferior, o que se transformou na oportunidade de também compreender melhor como a artéria femoral percorria essa região do corpo.
Contudo, se o nível técnico do curso me impressionou, devo dizer que a maior lição que obtive dessa experiência foi a percepção de que devemos colocar nossa carreira em movimento, pois não há maneira mais eficiente de descobrir novos horizontes e expandir nossas possibilidades de atuação. Kfuri fez questão que eu participasse desse encontro, que envolveu profissionais que eu não conhecia, e me levou a um novo destino, porque, como mentor que é, queria que eu enxergasse além.
Em grande medida, por isso, volto para casa cheio de conhecimentos técnicos valiosos, com a certeza de que meus conhecimentos estão em linha com a vanguarda do mundo, mas com algumas perguntas sobre o meu futuro. Percebo, agora, que há um campo enorme e um universo inteiro a explorar como cirurgião do joelho. O desafio, então, é entender como fazer, que passos dar, como garantir que eles me trarão a mesma satisfação que tenho sentido, por exemplo, na parceria recém-firmada com a Acahdre.
Aliás, na Alemanha, lembrei-me do meu grande amigo e sócio nessa nova empreitada, Marcelo Bordon. Pude perceber, no rápido convívio que tive com a cultura alemã, como meu sócio — que viveu tanto tempo no país — tem uma forma de encarar a vida semelhante à dos alemães. Por exemplo, você não precisa comprovar, para entrar no trem, que comprou os tíquetes da viagem. A verificação pode acontecer, em caso de suspeita de infração, mas não é obrigatória. Uma clara demonstração de como eles confiam na honestidade das pessoas. Marcelo Bordon é igual, ele confia e, por isso e por muitas outras características, é alguém com quem pretendo conviver por muito mais tempo e seguir aprendendo.
Parabéns Dr. Salim, cada dia mais convicta q sr. médico de seres humanos e de almas, obrigada por tudo, sr fez muita diferença em minha vida!