No dia 30 de dezembro, participei, como professor, de um treinamento para instrumentadores cirúrgicos. Foi uma experiência incrível, que contou com a participação de meu mentor, Dr. Maurício Kfuri, e que, obviamente, me fez lembrar do grande Luis Fernandes, “meu” instrumentador
Num procedimento cirúrgico, vários profissionais são fundamentais. Um deles, nem sempre lembrado com a importância que tem, é o instrumentador, um verdadeiro braço direito do cirurgião e que precisa compreender o passo a passo da cirurgia tão bem quanto o médico para preparar os instrumentos e otimizar o trabalho cirúrgico.
Aprendo muito com instrumentadores e, no dia 30 de dezembro, tive o prazer de transmitir um pouco do meu conhecimento a um seleto grupo desses profissionais: dei, na ocasião, em caráter voluntário, aula a instrumentadores do Grupo Cortical, um importante distribuidor, no País, de equipamentos para cirurgias ortopédicas.
Um convite feito por amigos e instrumentadores especiais
O convite me chegou por meio dos amigos Wagner Oberto de Oliveira, instrumentador sênior do Grupo Cortical, e da também instrumentadora da empresa Maura Carvalho. A proposta da minha aula era contribuir para o aprimoramento da técnica desses profissionais em dois tipos de implantes de joelho: o TC3, um sistema usado para revisão de artroplastia de joelho, e também para casos complexos de prótese primária com grandes deformidades.
Falei ainda sobre a Attune, prótese de última geração de joelho desenvolvida pela Johnson & Johnson e distribuída, no Brasil, pelo Grupo Cortical.
A data do treinamento — período em que normalmente ocorre uma diminuição da realização de cirurgias eletivas, mas véspera de feriado — não foi empecilho para um bom quórum. Havia instrumentadores vindos do Vale do Paraíba, Campinas, Presidente Prudente e Ribeirão Preto.
Aula inesperada e cativante
O evento contou com uma coincidência inusitada, mas riquíssima: no intervalo do treinamento, recebi a ligação do meu mentor, o professor Maurício Kfuri, um dos ortopedistas brasileiros mais respeitados no mundo na atualidade, que vive fora do país, mas passava alguns dias com a família em Ribeirão Preto. Ele perguntou onde eu estava, que queria me encontrar; eu disse e ele foi até a sede da Cortical para ver.
Sugeri, então, que falasse, aos alunos em treinamento, um pouco de sua rotina cirúrgica envolvendo a relação com os instrumentadores nos EUA, país onde vive atualmente. Dr. Kfuri simplesmente deu um banho de conhecimento, destacando a importância desses profissionais com exemplos práticos vividos por ele recentemente. O professor cativou e contagiou o seleto público do treinamento e todos fizeram questão de tirar fotos com ele ao fim da explanação que não durou mais do que 15 minutos.
“Meu” grande instrumentador
Antes de finalizar o registro desse encontro profissional, o último de que participei em 2021, devo destacar a parceria com o “meu” instrumentador, Luis Henrique Fernandes, com quem trabalho desde 2011. Luis tem 28 anos de experiência como instrumentador e começou sua carreira com os doutores Marcelo Tadashi, Edgar Engel e o próprio Maurício Kfuri. Toda essa experiência fez dele uma referência em instrumentação cirúrgica na região de Ribeirão Preto.
Hoje, é meu braço direito, esquerdo, enfim… Meus pacientes o adoram e eu também, até porque, não é fácil me aguentar. Toda semana, eu dou um apelido novo a Luis. No dia em que tiramos esta foto que destaco neste post, por exemplo, ele virou o Crocodilo Dande (os mais velhos entenderão).
O fato é que os anos de experiência em salas de cirurgia, ao lado de Luis, trouxeram-me uma certeza: para ser realmente “grande”, um cirurgião precisa contar com a companhia permanente de um grande instrumentador. Sem ela, não é possível fazer grandes trabalhos. Eu já conto com um grande instrumentador ao meu lado. Sendo assim, devo trabalhar para fazer jus à companhia e ser um grande cirurgião todos os dias.
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