Seu filho se queixa de dores no joelho que, muitas vezes, impedem-no de praticar futebol ou qualquer outra atividade de que goste muito? É possível, então, que ele tenha síndrome de Osgood-Schlatter ou de Sinding-Larsen-Johansson. Você sabe o que são essas síndromes? Posso adiantar que não são nenhum bicho de sete cabeças.
É comum vermos crianças e adolescentes que praticam futebol com frequência, em dado momento, queixarem-se de dores nos joelhos. Essas queixas podem estar associadas a algumas patologias, mas, normalmente, o que temos é um problema que pode acometer duas partes distintas do joelho e ao qual damos, de forma genérica, o nome de apofisite.
Mas o que seria a apofisite e quão grave é esse problema?
Apofisite é o termo usado na ortopedia para designar uma condição inflamatória do centro de ossificação secundário, em que ocorre inserção musculotendínea. Em relação ao joelho, duas regiões são especialmente mais sensíveis a esse tipo de inflamação: a tuberosidade anterior da tíbia e o polo inferior da patela.
Além de apofisite, usa-se, para designar a mesma patologia, o termo osteocondrose, que agrupa o conjunto de afecções que podem acometer pessoas que ainda estão em fase de crescimento ósseo — crianças e adolescentes.
As causas da apofisite, em geral, são desconhecidas. Há fatores genéticos, traumáticos, vasculares, mecânicos, hormonais e infecciosos, mas é difícil precisar em que medida cada um deles é responsável pela patologia. A característica mais comum para o surgimento da patologia são os núcleos de ossificação, termo que pode ser substituído por cartilagem de crescimento.
As síndromes
Geralmente, os meninos são mais acometidos do que as meninas, provavelmente, por maior exposição a traumas repetitivos. Como escrevi acima, no joelho, os dois núcleos de ossificação mais acometidos são a tuberosidade da tíbia e o polo inferior da patela, respectivamente. Quando a apofisite acomete a tuberosidade anterior da tíbia, temos aquela que talvez seja a patologia dessa natureza mais comum, chamada de Osgood-Schlatter, cujo principal sintoma é a dor anterior (na frente) do joelho após a realização de uma atividade física, como futebol.
Acredita-se que a causa mecânica dessa dor seja resultado da tração que o ligamento patelar causa sobre o núcleo de ossificação na tuberosidade anterior da tíbia. Por meio dessa força, o núcleo estaria suscetível a microlesões decorrentes dessa fricção que se daria de forma repetitiva e crônica. Em alguns casos, além da dor, pode haver um inchaço nessa região do joelho e aumento de volume com formação de um abaulamento ósseo.
Normalmente, esses pacientes costumam ter entre 8 e 14 anos, e um terço deles costumam se queixar de dor nos dois lados do joelho. A prática de atividades que envolvem corrida e chute costumam estar associadas à maior incidência da apofisite. Por isso, é comum que aconteça entre jovens jogadores de futebol.
Semelhante à Osgood-Schlatter é a Sinding-Larsen-Johansson, contudo, em vez de acontecer na tuberosidade anterior da tíbia, dá-se no polo inferior da patela. Os sintomas são muito parecidos, muda apenas a região do joelho em que o problema acontece. A causa está associada a uma sobrecarga (esforço repetitivo e constante) na região.
Doença autolimitada
A boa notícia é que essa é uma doença autolimitada, ou seja, não se sustenta por muito tempo e, de fato, passa. Conforme o esqueleto das crianças e adolescentes amadurece, o problema deixa de existir. Assim que a placa de crescimento se fecha, os sintomas cessam e, então, acabam as queixas. Porém, enquanto esse momento não chega, o tratamento se dá de forma sintomática, ou seja, apenas quando há queixas (dores e inflamações), e consiste em repouso, uso de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais.
Outro passo importante é o tratamento com fisioterapeuta, que, por meio de exercícios apropriados, procurará conferir ao paciente equilíbrio entre os músculos quadríceps e isquiotibiais.
Não é infrequente que pessoas que tiveram apofisite no joelho desenvolvam “tendinite” aguda no ligamento patelar. Por isso, cuidar-se, sobretudo por meio do acompanhamento de profissionais especializados, como fisioterapeutas e educadores físicos, é importante para que se garanta o equilíbrio muscular e a boa saúde da articulação por toda a vida.
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