Ortopedia é, sempre foi e seguirá sendo medicina

Ortopedia é medicina e não é porque brincamos, dizendo que não é — uma maneira de descontrair e aliviar o peso que todo o médico carrega nos ombros —, que deixa de ser

O senador Otto Roberto Mendonça de Alencar, durante sessão parlamentar no Senado Federal nesta semana, fez uma brincadeira muito comum entre os ortopedistas: disse que ortopedista não é médico. Eu mesmo já fiz essa brincadeira e é claro que sei que ortopedia é medicina — e põe medicina nisso. Claro, também, que o senador sabe que é. Sua indelicadeza talvez tenha sido fazê-la no Senado, onde esse tipo de brincadeira pode gerar graves mal-entendidos.

Mas não pretendo com esse texto fazer críticas ao senador. Repito, tenho certeza que ele jamais quis ofender a classe da qual faz parte. Eu assisti ao vídeo e, em momento algum, me pareceu que tivesse essa intenção. Ainda assim, acho importante a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) se posicionar, como o fez.

O pingo no i da ortopedia

Com esse texto, quero apenas reforçar que a ortopedia é uma área médica apaixonante, o que se deve, entre outras razões, por constituir-se por pessoas de grande saber técnico. É assim em qualquer lugar do mundo. No Brasil não é diferente: o médico que decide se especializar em ortopedia precisa fazer uma prova com altíssimo grau de dificuldade elaborada pela SBOT para se tornar ortopedista.

Subespecialidades da ortopedia não ficam atrás. Como membro da Comissão de Ensino e Treinamento (CET) da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) sei do rigor e da competência dos envolvidos na elaboração das provas que titulam cirurgiões do joelho.

Excelência entre ortopedistas não é mera figura retórica, é sempre colocada em prática e exigimos isso de todos os médicos que se apaixonam por esse ramo da medicina. A razão de tal compromisso com a excelência é simples: temos vidas em nossas mãos e não há nada mais precioso do que uma vida.

Ortopedia é paixão pela medicina

Eu não tenho dúvida que a boa ortopedia começa pela paixão e, dificilmente, um profissional passa por todos os testes e provações para se tornar ortopedista se não for apaixonado pelo que faz. No meu caso, a paixão começou quando eu ainda era adolescente e precisei passar por uma cirurgia no joelho. Desenvolveu-se ao longo do curso de medicina e floresceu na residência.

Ao florescer, tive certeza da sua beleza e convicção de que meu caminho, como médico, deveria ser trilhado pela ortopedia, mais precisamente, como cirurgião do joelho. Dito isso, reafirmo: ortopedia é medicina e não é porque brincamos, dizendo que não é — uma maneira de descontrair e aliviar o peso que todo o médico carrega nos ombros —, que deixa de ser.