A osteotomia, destaque do próximo ISKT e uma das especialidades do grupo de joelho da FMRP-USP, ganha cada vez mais relevância quando se busca formas de tratar a degeneração do joelho sem precisar de transplantes. No dia 1º de julho, a SBCJ trará a palestra do Dr. Rahul Vaidya. O americano é um mestre no uso de softwares para o planejamento dessa cirurgia.
Fazer o tratamento articular, sem substituir a articulação por prótese, preservando a estrutura original, é o forte do nosso grupo de cirurgiões do joelho na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Esse tipo de tratamento cirúrgico, chamado osteotomia, é recomendado para pessoas jovens, ativas, mas que têm deformidades nos membros inferiores e, por isso, costumam ter dor no joelho e uma degeneração da articulação, a famosa artrose.
“A osteotomia é natural para nós, cirurgiões formados em Ribeirão Preto. Porém poucos pacientes entendem que, com a correção no alinhamento da perna, é possível prolongar o tempo de vida útil da articulação natural”, explica o professor-doutor Maurício Kfuri.
A história da osteotomia
Vale contar, brevemente, a história dessa técnica. Há mais de 70 anos, cirurgiões entenderam que as deformidades levavam à sobrecarga de um dos lados da articulação, levando-a a degeneração. Assim, propuseram que se realizasse a correção do alinhamento da perna com o objetivo de retirar essa sobrecarga mecânica. Em 1950, a osteotomia começou a ganhar popularidade, mas ainda tinha falhas.
Por volta dos anos 2000, novas técnicas e tecnologias fizeram com que esse procedimento recobrasse força, proporcionando resultados mais reprodutíveis. Houve aumento do grau de satisfação dos pacientes e, também, da sobrevida da articulação natural.
“Hoje em dia, essa é uma opção muito interessante para pacientes ativos, jovens com joelhos sintomáticos, mas que não são candidatos a uma prótese de joelho. Em resumo, a osteotomia permite, a esse indivíduos, melhorar sua qualidade de vida sem precisar de prótese”, diz Kfuri.
Tecnologias que melhoram a técnica
A osteotomia é um procedimento complexo. O paciente precisa ser bem selecionado, por isso, a complexidade da osteotomia começa desde a indicação do tratamento ao paciente.
O planejamento da técnica, em cada caso, deve ser muito bem feito. Ferramentas que nos permitem desenhar a estrutura óssea do paciente com a máxima precisão, para calcularmos as incisões e demais ações do procedimento, são muito importantes.
Antes, usávamos papel vegetal, lápis, barbante e tesoura, com a qual, cortávamos o “osso” desenhado no papel e que serviria de referência para o alinhamento que faríamos na prática. Hoje, fazemos tudo no computador, com softwares.
Planejamento da osteotomia
No dia 1º de julho, a Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) organizará um webinar com o Dr. Rahul Vaidya, chefe da Cirurgia Ortopédica do Hospital de Detroit (EUA) e professor de cirurgia ortopédica da Wayne State University. Sua palestra tratará do tema “Como avaliar e planejar a osteotomia do joelho com o software Bonesetter”.
A palestra do Dr. Vaidya é uma oportunidade e tanto de aprendizado que a SBCJ, com a ajuda do prof. Kfuri, proporciona aos cirurgiões do joelho brasileiros. Vaidya é um craque no uso desse sistema para avaliar e planejar osteotomias.
Um grande centro de conhecimento
A palestra é especialmente válida aos cirurgiões do joelho que estão se especializando ou já se especializaram na FMRP-USP. O conhecimento de Vaidya se somará ao profundo conhecimento da técnica que os residentes do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto têm.
A FMRP-USP, começando pelo professor Cleber Pacolla, que foi o pioneiro do grupo nessa área, tem dado imensas contribuições à correção dessas deformidades e à preservação da articulação original. Além de fomentar o conhecimento sobre o tema, Dr. Pacolla formou profissionais capacitadas para poder aplicar, na prática, a técnica e dar continuidade ao desenvolvimento desse conhecimento.
“Eu fui um deles e, no período em que estive no HC, de 2006 a 2015, como professor, lembro-me de ver mais 40 de fellows se formarem conosco”, conta Dr. Kfuri.
Osteotomia em destaque no ISKT
Desde 2008, a FMRP-USP promove eventos internacionais para o ensino de cirurgia do joelho, com foco na preservação articular, na correção de deformidades e no tratamento do trauma articular.
“Em nosso International Symposium of Knee Trauma (ISKT), previsto para os dia 5 e 7 de agosto de 2021, o foco é fazer um evento dedicado à correção de deformidades ao redor do joelho, com especialistas internacionais de renome”, acrescenta Kfuri. Para isso, teremos também o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ).
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