Nesse período de tantas restrições que vivemos em razão da pandemia da Covid, os projetos de pesquisa têm preenchido meus dias e me injetado ânimo. Aqui, apresento dois dos mais recentes trabalhos dos quais pude participar
Quem me acompanha pelos canais digitais sabe que, além da dedicação apaixonada pela clínica médica e pela cirurgia do joelho, dedico-me com igual paixão à produção de conhecimento. Em grande medida, nesse período de tantas restrições que vivemos em razão da pandemia da Covid — em que fui obrigado a reduzir significativamente o trabalho clínico e, sobretudo, cirúrgico —, os projetos de pesquisa têm preenchido meus dias e me injetado ânimo.
Em fevereiro, falei, aqui no blog e nas redes sociais, da satisfação que tive em participar de dois grandes projetos: um capitaneado pela amiga e fisioterapeuta doutora Aline Miranda e outro proposto pelos talentosos médicos Lucas Pallone e Murilo Martins (clique aqui e leia o texto), sob a orientação do Dr. Fabricio Fogagnolo.
Mas, graças à oportunidade que me foi dada pelo professor Helton Defino, que me convidou para ser professor no programa de Pós-graduação da FMRP-USP, as realizações no campo do conhecimento, por meio de projetos de pesquisa, seguem a todo o vapor.
Recentemente, em parceria com três médicos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO), Alan Mozella, Hugo Cobra e José Leonardo Rocha, pude participar de dois grandes projetos de pesquisa, cujos artigos, inclusive, já foram aceitos e serão publicados em revistas científicas internacionais de grande impacto.
No trabalho sobre sutura de menisco, contamos com a honrosa coautoria de um dos maiores cirurgiões do joelho do mundo, o norte-americano Robert LaPrade (foto ao lado)
O primeiro tratou de sutura meniscal em lesão radial e contou com a honrosa coautoria de um dos maiores cirurgiões do joelho do mundo, o norte-americano Robert LaPrade; e o segundo tratou de “Como criar um laboratório de treinamento em artroscopia usando, como modelo, joelho bovino”.
O tema do último trabalho pode soar estranho, mas vale explicar que muitos treinamentos para cirurgiões são realizados em cadávares, mas a obtenção deles, para esse fim, é difícil por inúmeras razões. A alternativa, nesse caso, costumam ser os laboratórios nos quais são usadas articulações de outros animais e, no caso dos joelhos bovinos, nota-se características anatômicas bem semelhantes às dos seres humanos, por isso, são priorizados.
A ideia do nosso trabalho foi justamente mostrar como é possível criar um laboratório dessa natureza e proporcionar uma boa experiência de aprendizado aos participantes que desejam desenvolver técnicas artroscópicas — cirurgias com o auxílio de sistema de vídeo.
No caso do trabalho em parceria com o Dr. LaPrade, propusemos mais um tipo de sutura meniscal, que chamamos de “contínua”, para lesões radiais completas com a finalidade de preservar as duas principais funções do menisco, que são: absorção de impacto e distribuição de carga mecânica.
No passado recente, o tratamento mais comum para esse tipo de lesão era a meniscectomia parcial (retirada de parte do menisco). Porém vários estudos comprovaram a degeneração do tecido em razão desse tipo de tratamento, causando osteoartrite. As suturas de meniscos, então, se mostraram alternativas mais apropriadas em muitos casos. A técnica que propusemos, com o Dr. LaPrade, se aplica às lesões radiais dos meniscos medial e lateral.
0 comentários