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Unimed de Ribeirão Preto: o homem por trás de uma gestão revolucionária

Segundo o presidente da Unimed de Ribeirão Preto, Gustavo Ribeiro de Oliveira: “Controlar os custos por meio da redução de desperdício, da melhoria do gerenciamento de compras e do investimento em saúde preventiva é o único caminho para melhorar a qualidade do atendimento, reduzir o preço da saúde para o cliente e aumenta os ganhos dos médicos”.

Profissionais da saúde, como eu, que trabalham como cooperados da Unimed de Ribeirão Preto (SP) e, até mesmo, os pacientes conveniados já devem ter notado o avanço revolucionário nos serviços médicos prestados e na gestão da cooperativa no último ano e meio.

Por trás desses avanços está um médico, um profissional que sabe como funciona essa atividade na prática do consultório e das salas de cirurgia, mas, também, um apaixonado por gestão, um estudioso, com importante especialização na área.

Estou falando de Dr. Gustavo Ribeiro de Oliveira, um gastroenterologista atuante na região de Ribeirão Preto, mesmo com todas as responsabilidades administrativas que tem assumido. Afinal, ele é o atual presidente da Unimed-RP.

Aliás, não é exagero nenhum dizer que, seu olhar inato de médico-gestor, foi estimulado e desenvolvido em razão de sua história de vida.

“Venho de origem muito simples. Meu avô era pipoqueiro. Eu me tornei médico porque meus pais não abriram mão de investir em meus estudos. Graças a eles e seus esforços, muito trabalho e austeridade, tive a chance de fazer dois anos de cursinho e ingressei na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP”, afirma Oliveira.

Nesse bate-papo, ele nos conta, de forma breve, por que escolheu a medicina, fala de seu gosto por ela e também pela gestão e como tem feito uma gestão na Unimed que, repito, aos meus olhos, é revolucionária.

Por que escolheu a medicina? De onde veio esse gosto?

A escolha pela medicina foi motivada pela possibilidade de fazer o bem às pessoas. Achei que a medicina me permitiria isso e, de fato, permite. É isso que a medicina representa para mim.

E a opção pela gestão, como surgiu?

Eu sempre tive atividades de liderança em grupos menores: colégio, faculdade, mesmo depois da faculdade, enfim. Sempre estive, de alguma maneira, ligado à liderança de grupos em paralelo à minha carreira como médico. Essa natureza me levou a ser convidado a participar do Conselho de Administração na gestão 2015-2018 da Unimed de Ribeirão. Enquanto atuava como conselheiro, fiz um MBA de Gestão de Negócios em Saúde.

Qual foi a importância do curso para que esteja na posição em que está hoje?

Significativa. Por meio do curso, eu pude visualizar muitas oportunidades de melhoria na Unimed, ajustes e abordagens diferentes que promoveriam o crescimento da cooperativa. Os aprendizados que tinha no MBA se chocavam contra muitas práticas na gestão da Unimed. Foi daí que surgiu a ideia de formar um grupo de pessoas que compartilhavam de uma forma de pensar bem parecida para, assim, mudar a forma de gerir a Unimed, fazendo-o de forma mais profissionalizada mesmo, mais em linha com o que aprendia no MBA. Essa mudança era fundamental para a sobrevivência do nosso modelo de negócio.

Entre a medicina e a gestão da saúde, qual é a sua preferência?

A satisfação pessoal proporcionada pela gestão é similar à que sinto com a medicina. Na gestão, o desafio é superar as dificuldades do mercado competitivo, que, no caso específico da Unimed de Ribeirão Preto, por ser uma cooperativa de trabalho, implica gerar resultados mensuráveis [receita e lucratividade], oferecer um serviço de qualidade aos conveniados, mas, também, e não menos importante, proporcionar boa qualidade de trabalho a todos os médicos cooperados e, consequentemente, uma remuneração justa. Já na medicina, como disse, encontro um meio eficaz para ajudar, cuidar, acolher, minimizar suas dores e proporcionar bem-estar às pessoas.

Conte-nos um pouco sobre a experiência de administrar a Unimed de Ribeirão Preto.

É um prazer, para mim, enfrentar desafios. Então, foi fácil me motivar nesse caso. Além disso, vislumbrei uma grande oportunidade de fazer, numa escala maior, aquilo que me motivou a escolher ser médico, ou seja, fazer o bem às pessoas. Notei que, com uma boa gestão, beneficiaria milhares, talvez milhões de pessoas. São cerca de mil cooperados, 1,1 mil colaboradores, 140 mil clientes e, agora, com algumas ações socioambientais em parceria com órgãos públicos municipais e outros entes da iniciativa privada, alcançamos a população de toda a Ribeirão Preto, cerca de 700 mil habitantes. Somando, estamos falando de 1 milhão de pessoas beneficiadas. Sem dúvida, ter isso em mente, me motiva muito a encarar esse desafio.

Fale mais sobre as ações socioambientais.

A parceria público-privada da qual participamos com a prefeitura de Ribeirão Preto consiste na revitalização do Parque Curupira, que é o principal parque da cidade. A Unimed adotou esse parque. A revitalização ficará por nossa conta e vamos entregar essa benesse aos moradores de Ribeirão. Isso, claro, sem colocar na conta o benefício que nosso negócio, por si, já representa.

Qual era, ao assumir a Unimed, sua grande missão?

Minha primeira grande missão é valorizar o médico cooperado. Ele precisa se sentir sócio da empresa. A segunda grande missão, mas não menos importante, é obter crescimento no número de clientes, mesmo com o mercado competitivo e a economia do Brasil desfavorável. Essas duas missões, depois de um ano e meio de gestão e mais um ano e meio pela frente, está sendo alcançado. Boa parte dos cooperados já perceberam que são fundamentais para a empresa, são sócios. Quanto ao crescimento, é uma grata realidade. Estamos crescendo e bem, mesmo com a crise e a notória recessão econômica.

Como médico cooperado, eu vejo sua gestão realizar muito. Que realizações gostaria de destacar?

Começo falando sobre um aplicativo que lançamos para o médico cooperado. Dentro desse aplicativo, há um item chamado Portal da Transparência, por meio do qual ele pode acompanhar os dados financeiros da empresa. Esse aplicativo foi fundamental para estabelecer um vínculo de confiança muito sólido com os cooperados, que passaram a ver nossa gestão como exemplo de transparência. Acho importante citar também o crescimento de 10 mil clientes, que torna a empresa ainda mais sustentável. Ambas as realizações anteriores têm a ver com uma terceira: a profissionalização da gestão. Incorporamos um diretor não médico e reestruturamos a área comercial, de marketing e RH. Essas mudanças nos tornaram mais eficazes do ponto de vista administrativo. Houve, de fato, uma mudança na maneira de enxergar a Unimed: ela passou a ser vista como um negócio mesmo, o que se refletiu, por exemplo, na abertura de um laboratório da cooperativa na região central de Ribeirão Preto. Também procurei fazer algo na linha da medicina preventiva, com a abertura de um posto de atendimento com uma ótima estrutura na cidade.

Além dos 10 mil novos clientes, que outros números o Dr. gostaria de destacar?

Em termos de número, talvez a realização mais flagrante esteja relacionada ao Hospital da Unimed de Ribeirão Preto (HURP), que, neste ano e meio em que estou à frente da gestão, teve crescimento de 150%. Aliás, por falar em HURP, tivemos realizações na área tecnológica. O hospital, atualmente, é totalmente digital, ou seja, não usa papel. No esteio do crescimento da Unimed e do seu hospital, apresentamos aumentos expressivos no resultado líquido financeiro e na liquidez da cooperativa, ótimos parâmetros de solidez econômica. Vale acrescentar que todas essas realizações estão ligadas ao planejamento estratégico que fizemos não apenas da operação do convênio, mas, também, do hospital. O fato é que, só para esse nosso período de gestão, no planejamento estratégico, estão previstos 74 projetos.

"O Hospital da Unimed de Ribeirão Preto (HURP) é uma referência em estrutura física e recursos humanos. Sem dúvida, um hospital de ponta, um dos principais do País. Em um ano e meio de gestão o HURP teve crescimento de 150%", diz o Gustavo de Oliveira.
“O Hospital da Unimed de Ribeirão Preto (HURP) é uma referência em estrutura física e recursos humanos. Sem dúvida, um hospital de ponta, um dos principais do País. Em um ano e meio de gestão o HURP teve crescimento de 150%”, diz o Gustavo de Oliveira.
O que ainda precisa ser feito para o próximo ano e meio?

No próximo ano e meio, temos, como meta, a reestruturação da nossa auditoria médica, que começa em setembro e dura em torno de seis meses. Contratamos uma multinacional no ramo de consultoria administrativa e esperamos ter ótimos resultados com isso. Outra medida para os demais meses de gestão é a reestruturação do setor de compras. Nossa meta é finalizar a gestão com 150 mil clientes e, finalmente, concretizar os 74 projetos que já iniciamos.

Para quem não sabe, por favor, dê uma medida do que o HURP para a região de Ribeirão Preto.

É uma referência em estrutura física e recursos humanos. Pode-se destacar a alta qualidade dos colaboradores e do corpo clínico. São médicos altamente capacitados, o que diferencia o hospital. O HURP tem foco em tratamentos de alta complexidade e, nesse sentido, é destaque na região e no estado. É um hospital de ponta e não deve nada aos principais hospitais do País. Sobre o que ainda precisa ser feito no HURP, destacaria ações que são permanentes, estão ligadas ao aprimoramento contínuo, como a aplicação do conceito de atendimento humanizado, melhora no trabalho de divulgação da excelência desse hospital para mais regiões e estados do País, refinamento na gestão de custos e, por fim, mas não menos importante, melhorar, cada vez mais, a estrutura e as condições gerais para que nossos cooperados possam realizar suas cirurgias lá.

Como ortopedista, também noto a valorização que sua gestão dá à ortopedia de Ribeirão. Por que?

A ortopedia de Ribeirão é referência por contar com médicos de muita qualidade e reconhecidos nacional e internacionalmente. Por causa disso, atraímos muitos clientes de outros lugares para serem tratados aqui. Isso é muito bom para a cidade e para a Unimed, fazendo de nós um polo nacional de ortopedia. Justamente por essa força que tem a nossa ortopedia é que estamos resgatando a Jornada de Ortopedia de Ribeirão Preto, que foi interrompida há três anos e estamos trabalhando em seu planejamento e organização para o ano que vem. É uma forma reforçar a importância dessa especialidade e evidenciar os nossos profissionais, aspectos que caracterizam a cidade como um polo de ortopedia.

No Brasil, tradicionalmente, o cliente paga caro e os médicos ganham pouco, o que inviabiliza, financeiramente, a saúde. Como solucionar esse problema?

A única maneira, e é o que estamos fazendo aqui, é controlar os custos. Como? Evitando desperdício, gerenciando melhor as compras, promovendo saúde, com medicina preventiva, e, quando precisar tratar, ter qualidade nos tratamentos. Esse conjunto reduz custos, reduz preço para o cliente e aumenta os ganhos dos médicos.

Quais são seus planos depois que sua gestão na Unimed acabar? Pretende encarar outro desafio administrativo?

Meu foco é concluir bem esse mandato de três anos. Não sei se encararei outro desafio, não me preocupo com isso no momento. Só sei que seguirei atuando como médico-cirurgião e como gestor da Unimed-RP até o fim do meu mandato.

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