Revisão de prótese e luxação são exemplos de casos complexos de cirurgia do joelho que se tornam cada vez mais frequentes, em razão de novos hábitos de vida e do aumento da longevidade. Por isso, núcleos de gestão de casos complexos se tornam essenciais e Ribeirão Preto dispõe de profissionais altamente capazes para atuarem nesse núcleos
Quando iniciei minha especialização em cirurgia do joelho não me imaginava como um cirurgião especializado em casos complexos, mas a vocação natural da residência que fiz no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) e a competência dos meus professores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) — altamente demandados para o atendimento desses casos e dos quais nunca me canso de falar — acabou me colocando nesse caminho e confesso que gostei e gosto muito de trilhá-lo.
Cirurgias complexas de joelho, como o próprio nome diz, são aquelas que demandam mais conhecimento técnico e perícia do cirurgião por trazerem consigo maiores dificuldades e riscos de complicações. O tempo cirúrgico delas costuma ser maior e não incomum que a cirurgia precise ser feita em mais de uma etapa. Podemos citar, entre os casos mais comuns de cirurgias complexas, as lesões multiligamentares (luxação de joelho), as revisões de prótese e as osteotomias ao redor do joelho para a correção de desvios angulares.
Esses casos, normalmente, vêm de outras regiões, em caráter de urgência e têm se tornado cada vez mais frequentes, o que se deve a inúmeros fatores, como o aumento da longevidade, a busca das pessoas por manterem-se ativas mesmo em idade avançada, a maior exposição a acidentes de moto e automobilísticos em geral e durante a prática de esportes radicais.
Para se ter ideia de como os casos são cada vez mais numerosos, nas últimas duas semanas, fiz cinco cirurgias de alta complexidade, o que envolveu lesões multiligamentares, mas, principalmente, revisões de prótese. Vale esclarecer que, em linhas gerais, a revisão de prótese consiste na colocação de uma nova prótese num paciente que já foi submetido à artroplastia, mas, por alguma razão, teve problemas e “revisá-la”.
A revisão faz parte do grupo das cirurgias complexas porque não é um procedimento nada simples, exige muito treinamento, dedicação, muito esforço e atenção. Cada caso é um caso e as especificidades precisam ser cuidadosamente consideradas. Vale salientar ainda a necessidade de, nesse e em outros casos complexos, o médico clínico, assim que constatar a gravidade da lesão, encaminhar o doente ao serviço de referência da forma mais rápida possível, para que ele tenha o tratamento mais adequado o quanto antes. Quanto mais demorado o encaminhamento, maiores as chances de o caso se tornar ainda mais problemático e o custo do tratamento aumentar.
O fato é que, como escrevi no início, eu não desfruto sozinho do privilégio de ser “convocado”, muitas vezes, para atuar em casos complexos, mas altamente recompensadores. Há uma escola de profissionais que lidam muito bem com essas missões, por terem sido formados para isso no HC. A medicina de Ribeirão Preto, de modo geral, é referência na região no tratamento desse tipo de caso — e estamos falando de uma região com 2 milhões de habitantes.
Em síntese, embora seja muito importante prevenir lesões complexas no joelho, é sabido que a prevenção total é inalcançável e, quando os casos ocorrem, é fundamental que haja um serviço capaz de lidar com eles. Ribeirão Preto tem médicos muito capazes nessa área e não seria nenhum exagero dizer que núcleos de gestão de casos complexos estão se formando na ortopedia ribeirão-pretana.
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