Em casos de luxação do joelho, em razão da quantidade de estruturas atingidas, é comum que sejam necessárias mais de uma cirurgia. Além das lesões ligamentares, existe o risco de lesão arterial, afinal, pela parte posterior do joelho, passa a artéria poplítea por exemplo.
Já escrevi algumas vezes sobre luxação e acho importante, sempre que possível, abordar o tema, como uma finalidade educativa, já que, frequentemente, as pessoas entendem o termo de forma equivocada, chamando de luxação o que, na realidade, é uma simples contusão, sem gravidade e de recuperação bastante breve.
Infelizmente, há poucos dias, o mundo do futebol testemunhou o que é uma luxação ao vivo e de maneira chocante. A cena, difícil de ver, consequência de um lance acidental, envolveu o famoso jogador brasileiro, o lateral-esquerdo Marcelo, e o jogador do Argentinos Jr., Luciano Sánchez.
Depois de uma sequência de dribles, Marcelo recebe o combate de Sánchez, Marcelo o dribla também e salta para escapar de sua entrada, que estica a perna numa última tentativa para alcançar a bola. Contudo, sua perna é colocada exatamente embaixo do onde Marcelo inevitavelmente teria de aterrizar com a perna esquerda. Marcelo pisa, sem querer, um pouco abaixo do joelho de Sánchez, na tíbia, forçando-a para trás em relação ao eixo da articulação, ou seja, em relação ao fêmur. A perna faz um movimento antinatural e de pronto é possível entender que se trata de uma luxação.
Por mais experiência que se tenha, uma lesão multiligamentar dessa natureza, ainda mais quando se pode ver com clareza o instante em que ela ocorre, inevitavelmente traz consternação aos profissionais, como atesta a declaração do médico do Argentinos Jr., Alejandro Ronconi, à rádio argentina de D Sports: “Em 23 anos como médico, nunca vi algo assim. É quase uma separação do fêmur com a fíbula. Há uma ruptura de [ligamento] cruzado anterior, posterior, e é preciso ver como estão os meniscos”.
Em casos como esse, em razão da quantidade de estruturas atingidas, é comum que sejam necessárias mais de uma cirurgia. Além das lesões ligamentares, existe o risco de lesão arterial, afinal, pela parte posterior do joelho, passa a artéria poplítea. Nesse caso, a cirurgia vascular é prioridade, porque não apenas a articulação do atleta está em risco, mas sua própria vida.
Felizmente, no caso de Sánchez, todas as providências médicas necessárias estão sendo tomadas. Graças ao avanço tecnológico da medicina, mesmo com a evidente gravidade da lesão, Sánchez tem possibilidade de retornar aos gramados. A jornada de recuperação, contudo, não será simples. Demandará muita paciência, disciplina e dedicação para que, em aproximadamente um ano, ele possa voltar aos treinos.
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